A telemedicina pode auxiliar no tratamento da tuberculose
Um estudo britânico mostra que o paciente adere melhor ao tratamento quando há o acompanhamento médico remoto.
No mundo todo, a tuberculose atinge cerca de 10 milhões de pessoas e mata mais de um milhão por ano.
Dado que a eficácia do seu tratamento está diretamente relacionada à continuidade do tratamento, sem interrupção, cientistas britânicos encontraram uma ferramenta tecnológica que servirá de aliada ao acompanhamento do paciente — a telemedicina. O estudo provou que esse método ajudaria o paciente tuberculoso a não desistir do tratamento.
Como a pesquisa foi realizada?
A Universidade de Londres, Inglaterra, acompanhou 226 pacientes maiores de 16 anos, entre setembro de 2014 e outubro de 2016. Do total, 131 sofriam com histórico de situação de rua, alcoolismo, uso de drogas e problemas mentais.
Os pacientes foram divididos em 2 grupos: um com 114 participantes, que contavam com um enfermeiro presencialmente orientando, fazendo a aplicação de medicamento e avaliando as reações, de 3 a 5 vezes por semana; e outro com 112 participantes, que gravavam vídeos pelo celular a cada vez que tomavam a medicação, fazendo observações pessoais sobre os efeitos colaterais apresentados, e enviavam aos especialistas.
Todos os voluntários tinham acesso a um smartphone com internet e pelo menos 2 meses restantes em seu regime de tratamento, sendo esse o período estabelecido para o desfecho do estudo.
Resultados
Após análise, verificou-se que, dos pacientes que utilizavam o recurso de telemedicina, 70% completou o tratamento adequadamente, enquanto apenas 31% dos pacientes atendidos pessoalmente seguiram as regras do regime terapêutico até o fim.
Os cientistas também constataram que a média de tempo gasto pela equipe com deslocamento e visitas era significativamente maior do que o tempo gasto nas análises dos vídeos enviados. Igualmente, o tempo de ida até às clínicas gasto pelos indivíduos com tuberculose, comparado ao de fazer a gravação, era superior.
Além disso, enquanto a assistência presencial realizada por 6 meses custaria cerca 5700 euros por paciente (com 5 visitas na semana), o acompanhamento através de vídeos, durante o mesmo período, custaria 1645 euros.
Apesar dos benefícios apresentados, o estudo apresenta algumas limitações, segundo os autores. Por exemplo, alguns dos arquivos digitais enviados pelos pacientes estavam corrompidos, tornando inconclusiva a avaliação dos mesmos. Além disso, o tempo e os valores calculados podem variar de acordo com a região.
Conclusão
Devido aos resultados positivos, essa modalidade da telemedicina foi adotada em Londres pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, para o acompanhamento de pacientes tuberculosos, incluindo até mesmo crianças menores de 12 anos.
Os cientistas acreditam que recursos tecnológicos assim contribuirão para a eliminação da tuberculose.
A telemedicina está cada dia mais presente no sistema de saúde, não para substituir o atendimento convencional e sim para complementá-lo.